terça-feira, 25 de novembro de 2014

e no Brasil...


"AMARILDO NÃO É UM CASO ISOLADO", diz especialista da Anistia Internacional

Em 20 anos, 90 mil pessoas desapareceram no Brasil, segundo cálculos da ONG de direitos humanos. Distante da sociedade, polícia brasileira é despreparada e violenta, afirma assessor de direitos humanos da Anistia. 
O caso do pedreiro Amarildo de Souza, recentemente desaparecido na favela da Rocinha, é um exemplo da "cultura de brutalidade" da polícia brasileira, avalia o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, Maurício Santoro.

Em entrevista à DW Brasil, o especialista destacou que milhares de pessoas desapareceram no Brasil – 90 mil somente nos últimos 20 anos – e que o caso do pedreiro só chamou a atenção por acontecer num momento em que a sociedade está mobilizada.
 
Não fosse o contexto atual de protestos no país, Amarildo simplesmente teria entrado nas estatísticas "como mais um homem negro e pobre, que é morto e desaparece", diz Santoro. O caso "exemplifica de modo trágico os principais dramas e contradições da política de segurança pública do Rio de Janeiro", considera.
 
"O governador disse que era inadmissível que um trabalhador desaparecesse após ser interrogado pela polícia. Ora, é inadmissível que qualquer pessoa desapareça após ser interrogada pela polícia, mesmo que essa pessoa seja um criminoso, o que evidentemente não era o caso do Amarildo", afirma.
 
Em relação ao também recente julgamento do massacre do Carandiru, o representante da Anistia Internacional avalia a condenação dos policiais como positiva, por sinalizar que uma parcela da sociedade não está mais disposta a aceitar a brutalidade policial. Os aspectos negativos são o tempo que foi necessário para que os julgamentos acontecessem e o fato de os responsáveis políticos não terem sido julgados.
Para Santoro, há um abismo entre a polícia e a sociedade brasileira. A maneira como as polícias estão organizadas dificulta o trabalho dos bons policiais, avalia. "Existem muitos policiais que querem fazer algo diferente", diz.
 
DW Brasil: Alguns casos envolvendo a conduta das polícias brasileiras têm inspirado questionamentos sobre o preparo dos policiais e a transparência das operações. Essas discussões muitas vezes apontam para o despreparo das forças policiais brasileiras como sendo a origem desses problemas. O senhor concorda?
 
Maurício Santoro: Entre outros problemas, há o despreparo. Por exemplo, no caso da repressão policial aos protestos ficou muito claro, em muitos momentos, que a polícia não sabia o que fazer diante de uma situação em que tinha que dispersar uma manifestação, ou como se faz para dispersar uma manifestação, enfim, todas essas regras básicas. Houve até mesmo várias declarações, tanto da polícia militar do Rio quanto da polícia militar de São Paulo, a respeito dessa falta de preparo, reconhecendo que era necessário um treinamento melhor.
 
Mas a falta de preparo explica apenas parte dos problemas. Ela não explica tudo de errado que tem acontecido com a polícia. Por exemplo, quando a polícia tortura alguém, quando acontece um crime de tortura ou uma execução sumária, isso não vem da falta de treinamento. Isso vem de uma cultura de brutalidade, uma cultura de violência, da dificuldade de a polícia ser controlada e prestar contas, e também de uma relação que, em geral, é muito ruim entre a polícia e a sociedade. Isso é fruto de uma longa história de violência, de corrupção, de incapacidade de a polícia assegurar os direitos da população, de garantir a segurança do público.
 
Quando acontece uma situação de crise, como essa que a gente tem vivido nos últimos dois meses, esse abismo entre sociedade e a polícia fica muito mais evidente. Mas ele não nasceu agora.
Um caso recente que causou comoção nacional é o do pedreiro Amarildo, que não é visto desde que foi levado por policiais para a UPP da favela da Rocinha, em julho. Como a Anistia Internacional avalia o tratamento que as autoridades brasileiras vêm dando ao caso?
 
O Amarildo, infelizmente, não é um caso isolado no Brasil. A estimativa que temos é que, nos últimos 20 anos, em torno de 90 mil pessoas desapareceram no Brasil. É um número extremamente elevado. Os corpos nunca foram encontrados, esses assassinos nunca foram punidos.
 
O Amarildo tem um perfil muito parecido com o da situação mais vulnerável do Brasil: ele é um homem pobre, morador de uma favela. Ele só não tem o perfil clássico porque não era jovem. Ele já era um homem de 40 e poucos anos e, em geral, essa vítima tem 18, 19 e até 25 anos.
 
A primeira reação da polícia – quando houve a denúncia do desaparecimento – foi muito ruim, foi insinuar que ele seria um bandido porque teria uma passagem por roubo na polícia. Depois se comprovou que não era nada disso. Na verdade ele trabalhava como flanelinha e teve uma discussão com um cliente, o cliente o acusou de furto, e depois nada se comprovou.
E mesmo que ele fosse um ladrão, isso não dá à polícia o direito de desaparecer com suspeitos. Aliás, a própria fala pública do governador foi muito preocupante nesse aspecto. Ele disse que era inadmissível que um trabalhador desaparecesse após ser interrogado pela polícia. Ora, é inadmissível que qualquer pessoa desapareça após ser interrogada pela polícia, mesmo que essa pessoa seja um criminoso, mesmo que ela seja culpada, o que evidentemente não era o caso do Amarildo.
 
O próprio fato de ele ser levado para a UPP já é questionável. A PM não é polícia judiciária. Ele deveria ser levado para uma delegacia, ele deveria ter sido interrogado numa delegacia de polícia, e não numa UPP, também por conta dessa falta de registros, dessa falta de material para fazer um controle, uma supervisão mais séria do que está acontecendo nas UPPs [em referência às câmeras quebradas e à falta de informação dos aparelhos de GPS das viaturas].
 
Com a repercussão do caso, as autoridades rebatem críticas de que a imagem das UPPs estaria afetada. O que esse caso diz sobre as UPPs, na opinião da Anistia Internacional?
Na nossa visão, a UPP é um passo adiante, é uma política importante, tem dado resultados positivos, mas ela não é uma varinha de condão que vai resolver todos os problemas da polícia num passe de mágica. E uma dessas dificuldades é que a polícia que está na UPP á a mesma polícia que está no resto da cidade, envolvida numa série de ações violentas.
 
Não houve, por exemplo, um esforço de reforma da polícia. A polícia continua tendo uma cultura muito violenta. Em muitos casos – não em todos, mas em muitos casos – continua a ver os moradores das favelas como inimigos ou, pelo menos, como suspeitos em potencial.
 
Em junho, uma ação policial no conjunto de favelas da Maré resultou na morte de dez pessoas. No caso da favela da Maré, o comando nega execução, mas o caso vai passar por uma avaliação técnica. O secretário-geral da Anistia está no Brasil e visitou o local. Como o senhor vê esse tipo de ação da polícia brasileira?
Começamos a atuar na Maré por solicitação das organizações locais, que nos enviaram uma quantidade muito grande de episódios de violência policial, sobretudo com relação a revistas policiais. São denúncias de policiais abordando moradores de forma muito truculenta, tanto na rua como dentro de casa, com agressões, xingamentos, furtos de objetos ou de dinheiro. Então começamos, no final do ano passado, uma campanha na Maré chamada Sou da Maré e Tenho Direitos, dizendo o que a polícia pode e não pode fazer no ato da revista, chamando a atenção dos moradores e da própria polícia.
 
Há um nível bom de diálogo nosso com as organizações e sempre que eles se encontram conosco, os comandantes dizem que querem controlar os problemas, mas há uma lacuna muito grande entre essas falas da cúpula da polícia e o trabalho policial como ele de fato ocorre com o guarda na esquina, sobretudo quando essa esquina fica numa favela. Então o caso do Amarildo não é isolado, volto a dizer. Inclusive o número de desaparecimentos tem aumentado, mesmo depois das UPPs, quer dizer, as UPPs não conseguiram resolver isso.
 
O caso dele só chamou a atenção porque aconteceu num momento em que a sociedade está mobilizada. Se isso tivesse acontecido há um ano, não teria nem sido noticiado. Teria entrado simplesmente nas estatísticas, como mais um homem negro e pobre no Brasil, que é morto e desaparece, ninguém sabe, ninguém viu.
 
É claro que as pessoas que fizeram isso com ele – sejam quem forem essas pessoas, sejam policiais, sejam traficantes – não imaginaram que [o caso] teria essa repercussão. Amarildo virou um símbolo muito poderoso. Virou uma história que exemplifica de modo trágico os principais dramas e contradições da política de segurança pública do Rio de Janeiro.
 
Como a Anistia recebeu o resultado da segunda fase do julgamento do chamado ‘massacre do Carandiru'?
É o segundo julgamento deste ano e nos dois casos foram passos à frente importantes. Nos dois julgamentos – e gostaria de ressaltar bem esse ponto – tivemos júris populares condenando policiais por terem executado pessoas que estavam presas. Isso é um divisor de águas porque sinaliza que pelo menos setores da sociedade brasileira não estão mais dispostos a aceitar a brutalidade policial, mesmo quando ela é exercida contra pessoas que estavam na cadeia.
 
Isso é um sinal grande de que a sociedade brasileira está perdendo a tolerância com esse tipo de brutalidade. Os valores no Brasil estão mudando, a consciência da sociedade brasileira está mudando. Esse é o ponto positivo.
 
O primeiro ponto negativo é que nenhum dos julgamentos do Carandiru envolveu a responsabilidade política. Todos eles jogaram a responsabilidade desse massacre nos policiais, nas pessoas que executaram a operação, mas não existe uma apuração sobre a responsabilidade do secretário de segurança, a responsabilidade do governador do estado. Quem deu a ordem? O que era pra fazer exatamente? Isso deveria ter sido um elemento importante desse julgamento.
 
O segundo ponto negativo é o tempo que levou até esses julgamentos acontecerem. Estamos falando de um intervalo de 21 anos. Na verdade, muitos dos réus já morreram. Quando se leva 20 anos para ter esse tipo de condenação – que ainda está sujeita a recursos – isso também é um elemento que incentiva muito a impunidade.
 
Durante o julgamento, o papel da polícia, tanto nos presídios quanto nas ruas, veio à tona. A defesa alegou, entre outras coisas, a falta de estrutura da PM na época, que não forneceria segurança suficiente para os 360 policiais que invadiram o pavilhão 9. A polícia evoluiu – tanto em estrutura quanto em táticas – desde o massacre do Carandiru até hoje, acompanhando a evolução mencionada pelo senhor na mentalidade da população brasileira?
Existe uma distância grande entre a polícia e a sociedade brasileira, mas a polícia também não está isolada da sociedade. Ela também muda, ela também reflete as transformações da opinião pública. O problema é que a polícia tem mudado numa velocidade muito mais lenta do que o resto da sociedade brasileira. Houve, nesses últimos 20 anos – do Carandiru para cá –, vários processos importantes de reforma na polícia.
 
Eu já citei as UPPs, mas há uma série de outras tentativas de se criar uma polícia marcada por um trabalho sério de investigação e de prevenção. Eu também não quero generalizar e dizer que todos os policiais têm essa cultura da violência, porque não acho que seja assim. A importância dessa agenda da reforma policial é um tema que está em discussão dentro da própria polícia, agora com mais força por causa dos protestos no Brasil.
 
Com essa polícia não dá, com o tipo de instituição que temos hoje no Brasil, o modo como as polícias estão organizadas, isso incentiva o que a polícia tem de ruim e dificulta muito o trabalho dos bons policiais, das pessoas que querem fazer algo diferente. E existem muitos policiais que querem algo diferente.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

MODERNIDADE E ECONOMIA GLOBAL


Porque a COPA DO MUNDO NO BRASIL é mais um problema?
Imagem da Internet

Estamos a poucos dias do inicio da copa do mundo de futebol. E acredito que o Brasil vá ganhar mais esta copa. Não por ter o melhor futebol, a melhor organização. Mas por ter os maiores problemas que a FIFA já enfrentou ao tentar realizar seu campeonato. Nunca antes o futebol brasileiro teve sob tanto fogo cruzado. Os problemas sociais – o grave e violento apartheid social e racial em que vive o país e que o mundo não reconhece e nem observa irão operar e aparecer de forma raivosa e o mundo não entenderão como o país das mulatas, do  carnaval, do futebol e do homem gentil se tornou tão irascível e nervoso.
Imagem da Internet
É o que estamos vivendo. É o que aconteceu nos últimos anos de uma falsa democracia sob-regime e controle de trabalhadores burgueses. O partido dos trabalhadores criou a cultura do invisível – todas as principais mazelas relativas à igualdade de oportunidades, a violência direta do estado contra pobres e pretos, o atraso institucional vindo do período da escravidão, ainda são renitentes e norteiam qualquer opção de desenvolvimento e oportunidade, em qualquer situação no país. Nos últimos 20 anos, o estado brasileiro matou tanta gente. Muito mais que na guerra da síria, do Afeganistão ou do Iraque. Nunca foram dizimados de forma covarde tantos jovens, todos negros. Esta em curso no país atualmente uma faxina étnica tremenda, desumana e muito bem camuflada. Dados do próprio governo apontam para a mortandade desenfreada de jovens da periférica das grandes e medias cidades, de jovens insistentemente não brancos. Que não protestam – alias, o líder dos rolezinhos de protestos foi morto num baile funk recentemente. Seguramente por forças da segurança de estado disfarçadas.
Imagem da Internet
O exemplo que gringos não entende de violência institucional são a repressão aos rolezinhos: jovens não brancos invadem os centro  de compras – shoppings, para lanchar e passear. Há protestos dos brancos burgueses e as forças de segurança do estado aparecem com todo seu aparato – armas letais, truculência, violência, para achincalhar jovens desarmados, cujo único crime - querer desfrutar do ambiente burguês – são humilhados, espancados e presos, alguns assassinados. Numa clara demonstração de intolerância que o mundo precisa reconhecer e entender.
Pela minha analise todos estes movimentos são uma resposta a repressão violenta e a falta de canais de comunicação entre as classes econômicas e o estado – que pressionado pela burguesia, reage matando crianças, atacando preventivamente como se esta reação abrandasse a violência. As forças de segurança estão perdidas, são povo e agem sempre contra o povo. Que esta se armando assustadoramente para reagir à violência policial, a violência do aparelho do estado.  As torturas continuam o estado brasileiro sempre foi o maior patrocinador da tortura. Mesmo tendo como presidenta uma mulher que foi presa e torturada.

Não somos um povo gentil nem hospitaleiro
Os gringos ou estrangeiros que virão ao Brasil para assistirem aos eventos da copa do mundo devem estar preparados. Serão hostilizados ou se meterão num caldeirão dos infernos. Vão encontrar uma população revoltada – com os gastos absurdos para construir esta copa,  ou com a ausência do estado brasileiro em questões básicas do  seu cotidiano: segurança, mobilidade, saúde, educação. O crescimento econômico propugnado pelos especialistas apenas exponenciou as mazelas históricas nunca atacadas de fato pelo estado. E num imobilismo radical, nunca por qualquer grupo de poder, de direita ou esquerda. 
Imagem da Internet
Não esperam facilidades nesta estada, apesar de amarmos estrangeiros. Mas o momento  social não é propicio para festas. Há muito para fazer e hoje a sociedade toda percebe o quão pouco foi feito.

A Copa do Mundo da FIFA, agora percebemos, foi um engodo violento do estado. Os recursos empregados ultrapassaram em muito o orçamento e previsto. Se uma fração dessa montanha de recursos fosse aplicada na educação, na habitação popular, no combate a corrupção, no atendimento médio/hospitalar, talvez fosse possível amenizar a revolta. Mas não, apenas a truculência e a falta de dialogo imperam. Daí a revolta social.

sexta-feira, 14 de março de 2014

TREINAMENTO PROFISSIONAL E HUMANIDADE. COMO NOS TORNAMOS REFERENCIA EM EDUCAÇÃO EMPRESARIAL EM CARAJÁS.

Percebemos ao longo desses anos, a ocorrência deste importante fator de aprendizado em alunos aprendizes ou operários adultos e qualificados. É um problema quando não detectado  pela escola e treinado seus instrutores para a importância da prática direcionada. Muitos dos nossos alunos retornam pelo nosso foco na pratica em treinamento profissional. Leiam:

A Dislexia
O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura

Peanuts Collector Club
A dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizado. Segundo pesquisas realizadas, 20% de todas as crianças sofrem de dislexia – o que causa com que elas tenham grande dificuldade ao aprender a ler, escrever e soletrar. Pessoas disléxicas – e que nunca se trataram – lêem com dificuldade, pois é difícil para elas assimilarem palavras. Disléxicos também geralmente soletram muito mal. Isto não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.
A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais, professores e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia. Caso contrário, eles confundirão dislexia com preguiça ou má disciplina. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mal-comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é disléxica - e não preguiçosa, pouco inteligente ou mal-comportada.
A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora). Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.
A Dislexia

O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura


Causas da Dislexia
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. A dislexia é herdada e, portanto, uma criança disléxica tem algum pai, avō, tio ou primo que também é disléxico.
Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos processam informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os cérebros de disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais. Felizmente, existem tratamentos que curam a dislexia. Estes tratamentos buscam estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representam e, posteriormente, ao significado das palavras que elas formam. Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a dislexia, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da criança. Em outras palavras, a dislexia, se tratada nos primeiros anos de vida da criança, pode ser curada por completo.
Para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções especificas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente relacionada ą linguagem; nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a sétima reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. Ą medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares.  Ą medida que a criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos esforço.
O cérebro de disléxicos, devido ąs falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta forma.  No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente ą área cerebral que processa fonemas. A conseqüência disso é que disléxicos tem dificuldade em diferenciar fonemas de silabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lá aparenta ser nova e desconhecida.
A Dislexia

O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura


Sinais e Características de Dislexia
O ideal seria que toda criança fosse testada para detectar se ela sofre de dislexia. Porém, o sistema educacional brasileiro é deficiente e há uma falta de recursos na maioria das escolas do País. Portanto, é importante que pais e professores fiquem atentos aos sinais de dislexia para que possam ajudar seus filhos e alunos.
O primeiro sinal de possível dislexia pode ser detectado quando a criança, apesar de estudar numa boa escola, tem grande dificuldade em assimilar o que é ensinado pelo professor. Crianças cujo desenvolvimento educacional é retardatário podem ser bastante inteligentes, mas sofrer de dislexia. O melhor procedimento a ser adotado é permitir que profissionais qualificados examinem a criança para averiguar se ela é disléxica. A dislexia não é o único distúrbio que inibe o aprendizado, mas é o mais comum.
São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas tendem a confundir letras com grande freqüência. Entretanto, esse indicativo não é totalmente confiável, pois muitas crianças, inclusive não-disléxicas, freqüentemente confundem as letras do alfabeto e as escrevem de lado ao contrário. No Jardim de Infância, crianças disléxicas demonstram dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer letras e fonemas. Na primeira série, elas não conseguem ler palavras curtas e simples, têm dificuldade em identificar fonemas e reclamam que ler é muito difícil. Da segunda ą quinta série, crianças disléxicas têm dificuldade em soletrar, ler em voz alta e memorizar palavras; elas também freqüentemente confundem palavras. Esses são apenas alguns dos muitos sinais que identificam que uma criança sofre de dislexia.
A dislexia é tão comum em meninos quanto em meninas.
A Dislexia

O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura


O que pode ser feito?
Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala – que qualquer criança acaba adquirindo – a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada. Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita com que a criança se atrase na escola ou passe a desgostar de estudar.
É importante enfatizar que a dislexia não é curada sem um tratamento apropriado. Não se trata de um problema que é superado com o tempo; a dislexia não pode passar despercebida. Pais e professores devem se esforçar para identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia. Crianças disléxicas que foram tratadas desde cedo superam o problema e passam a se assemelhar ąquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de aprendizado.
Foram desenvolvidos diversos programas para curar a dislexia. Não há um só tratamento que seja adequado a todas as pessoas. Contudo, a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência na leitura. Esses tratamentos ajudam o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por fim, frases. É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigi-la. É importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Mas um bom tratamento certamente rende bons resultados.  Alguns estudos sugerem que um tratamento adequado, administrado ainda cedo na vida escolar de uma criança, pode corrigir as falhas nas conexões cerebrais ao ponto que elas desapareçam por completo.
A Dislexia

O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura


Toda criança necessita de apoio e paciência. Muitas crianças disléxicas sofrem de falta de autoconfiança, pois se sentem menos inteligentes que seus amigos. Porém, um bom tratamento pode curar a dislexia. Muitos disléxicos tiveram grande sucesso profissional; existe uma alta porcentagem de disléxicos entre os grandes artistas, cientistas e executivos. Muitos especialistas acreditam que pessoas disléxicas, por serem forçadas a pensar de forma diferente, são mais habilidosas e criativas e têm idéias inovadoras que superam as de não-disléxicos.
Apesar das salas de aula estarem lotadas e apesar da falta de recursos para pesquisas, a dislexia precisa ser combatida. Muitos casos de dislexia passam desapercebidos em nossas escolas. Muitas vezes, crianças inteligentíssimas, mas que sofrem de dislexia, aparentam ser péssimos alunos; muitas dessas crianças se envergonham de suas dificuldades acadêmicas, abandonam a escola e se isolam de amigos e familiares. Muitos pais, por falta de conhecimento, se envergonham de ter um filho disléxico e evitam tratar do problema. Isso é lamentável, pois crianças disléxicas que recebem um tratamento apropriado podem não apenas superar essa dificuldade, mas até utilizá-la como beneficio para se sobressair pessoal e profissionalmente.
Fontes:
Time – July 20, 2003 – The New Science of Dislexia – By Christine Gorman
http:/www.interdys.org/index.jsp

A Dislexia

O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura

Será que seu filho é disléxico?

Entre 3 a 6 anos

Na pré-escola

1. Ele persiste em falar como um bebê?
2. Freqüentemente pronuncia palavras de forma errada?
3. Não consegue reconhecer as letras que soletram seu nome?
4. Tem dificuldade em lembrar o nome de letras, números e dias da semana?
5. Leva muito tempo para aprender novas palavras?
6. Tem dificuldade em aprender rimas infantis?

Entre 6 ou 7 anos

Primeira-série

1. Tem dificuldade em dividir palavras em sílabas?
2. Não consegue ler palavras simples e monossilábicas, tais como “rei” ou “bom”?
3. Comete erros de leitura que demonstram uma dificuldade em relacionar letras a seus respectivos sons?
4. Tem dificuldade em reconhecer fonemas?
5. Reclama que ler é muito difícil?
6. Freqüentemente comete erros quando escreve e soletra palavras?
7. Memoriza textos sem compreendê-los?

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O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura

Entre 7 e 12 anos.
1. Comete erros ao pronunciar palavras longas ou complicadas?
2. Confunde palavras de sonoridade semelhante, como “tomate” e “tapete”, “loēćo” e “canēćo”?
3. Utiliza excessivamente palavras vagas como “coisa”?
4. Tem dificuldade para memorizar datas, nomes ou números de telefone?
5. Pula partes de palavras quando estas tem muitas sílabas?
6. Costuma substituir palavras difíceis por outras mais simples quando lá em voz alta; por exemplo, lá “carro” invés de “automóvel”?
7. Comete muitos erros de ortografia?
8. Escreve de forma confusa?
9. Não consegue terminar as provas de sala-de-aula?
10. Sente muito medo de ler em voz alta?
A partir dos 12 anos
1. Comete erros na pronúncia de palavras longas ou complicadas?
2. Seu nível de leitura está abaixo de seus colegas de sala-de-aula?
3. Inverte a ordem das letras – “bolo” por “lobo”, “lago” por “logo”?
4. Tem dificuldades em soletrar palavras? Soletra a mesma palavra de formas diferentes numa mesma página?
5. Lá muito devagar?
6. Evita ler e escrever ?
7. Tem dificuldade em resolver problemas de matemática que requeiram leitura?
8. Tem muita dificuldade em aprender uma língua estrangeira?

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O que é dislexia? Causas, Sinais e Cura

Muitos pais recorrem ą escola para avaliar se seus filhos sofrem de dislexia. Se você suspeita que seu filho é disléxico, mas a escola na qual ele estuda não faz testes de dislexia e não tem especialistas que ajudam crianças disléxicas, procure um outro profissional qualificado. Um bom programa educacional para crianças disléxicas precisa estabelecer objetivos específicos de progresso para o ano letivo. É necessário dedicar muita atenção para que a dislexia seja superada; sendo assim, seja paciente com um aluno ou filho disléxico, e não deixe que ele sofra de baixa auto-estima. Incentive-o a buscar novas atividades e interesses, tais como esportes ou música, e sempre o recompense quando ele progredir em seus estudos.


Fontes: Time – July 20, 2003 – The New Science of Dislexia – By Christine Gorman http:/www.interdys.org/index.jsp