Acordo
permitirá continuidade dos trabalhos de identificação de ossadas de Perus
- 27/11/2017 19h48
- São Paulo
Elaine
Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
Um acordo assinado nesta segunda-feira (27) permitirá
a continuidade das atividades de identificação das ossadas de presos políticos
que foram encontradas há quase 30 anos em valas clandestinas no Cemitério de
Perus, na zona norte da capital paulista. O acordo atende a uma ação civil
pública do Ministério Público Federal, que pedia que o Poder Público concluísse
os trabalhos de identificação das ossadas. Uma audiência de conciliação
realizada em outubro na sede do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3),
em São Paulo, já tinha definido a continuidade dos trabalhos, que foram
oficializados hoje, em cerimônia realizada no mesmo local.
Segundo o TRF3, o acordo determina que o custo de
R$ 600 mil para a manutenção e funcionamento do Centro de Antropologia e
Arqueologia Forense (CAAF) no próximo ano seja dividido em partes iguais entre
os ministérios dos Direitos Humanos e da Educação e a Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp). O CAAF é o órgão da universidade que executa o projeto de
identificação das ossadas por meio de um acordo de cooperação técnica firmado
com a União e a prefeitura de São Paulo.
Os técnicos que participam do trabalho analisam
mais de mil ossadas encontradas no Cemitério Dom Bosco, em Perus, em 1990.
Acredita-se que parte desse material é de desaparecidos políticos durante a ditadura
militar.
Saiba Mais
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Pelo acordo, ficou também definido que, em junho do
próximo ano, a União e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vão
analisar o cumprimento do cronograma e definir os custos do trabalho para 2019,
ano em que se espera a conclusão das atividades.
Vala clandestina
A vala clandestina de Perus foi aberta em setembro
de 1990 durante a gestão de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo. No
local, foram encontradas 1.049 ossadas sem identificação de vítimas de
esquadrões da morte, indigentes e presos políticos.
À época, a prefeitura determinou a apuração dos
fatos e fez um convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para
a identificação das ossadas. Os trabalhos na Unicamp conseguiram identificar
apenas 12 pessoas. O trabalho foi interrompido e, em 2002, as ossadas foram
levadas para o Cemitério do Araçá, na capital paulista, sob responsabilidade da
Universidade de São Paulo (USP).
Em 2014, uma parceria da Secretaria Especial de
Direitos Humanos (hoje Ministério dos Direitos Humanos), da Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e da Unifesp permitiu a retomada do
trabalho de identificação dos restos mortais resgatados da vala clandestina do
Cemitério de Perus.
Edição: Nádia
Franco