terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Mais um lider rural morto

Anistia critica omissão do Estado na morte de líder rural no Maranhão
  • 29/12/2015 19h58
  • Brasília






Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
A Anistia Internacional classificou como “falha sistêmica do Estado brasileiro” a morte do líder rural Antônio Izídio Pereira”, no Maranhão. Desaparecido desde o dia 20 deste mês, ele foi encontrado morto no dia 24 de dezembro.

A organização diz, em nota divulgada hoje (29), que, um dia antes do seu desaparecimento, Antônio Izídio havia dito que denunciaria o desmatamento, em Vergel, região a 50 quilômetros da cidade de Codó, no interior do Maranhão, onde residia. A localidade, segundo a Anistia, é habitada por pequenos agricultores que sofrem pressão de grileiros. “Antônio Izídio era uma das lideranças comunitárias que vinham denunciando a ação de madeireiros e grileiros nos últimos anos na região, sofrendo ameaças de morte e intimidações por conta disso”.

A Anistia informa ainda que não houve instauração de inquérito policial sobre o caso e que a morte não está sendo investigada. “O registro de óbito não foi feito e não foi realizada qualquer perícia sobre o corpo, que foi enterrado em uma “cova rasa” envolto em uma rede e um saco plástico”, diz a nota.

A organização destaca que acompanha o caso há cerca de três anos, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra no Maranhão. Em 2013, a Anistia Internacional já havia denunciado as ameaças sistemáticas que Antônio Izídio e outras famílias da comunidade de Vergel vinham sofrendo. “O assassinato de Antônio Isídio revela uma falha sistêmica das autoridades no enfrentamento dos conflitos no campo e na garantia de proteção às comunidades rurais e quilombolas no país”.

Para a Anistia, houve omissão do Estado em proteger a vida de Antônio Izídio., pois entende que a liderança rural deveria ter sido incluída no Programa Nacional de Proteção a Defensores de Direitos Humanos. Segundo a organização, a equipe técnica do programa chegou a visitar a comunidade de Vergel, em 2013, e entrevistou com Antônio Isídio. “No entanto, nenhuma medida foi adotada para garantir a sua segurança”.

A Secretaria de Direitos Humanos (SDH) negou que tenha havido qualquer tipo de omissão no atendimento a Antônio Izídio. O órgão informou, por meio de nota, que o caso do agricultor não se encaixava nos critérios do programa. “As ameaças que ele sofria diziam respeito a uma disputa familiar por uma propriedade particular e não a um litígio provocado por uma liderança comunitária que ele pudesse exercer em prol da coletividade”, diz a SDH

A nota afirma ainda que a questão também foi analisada pelo promotor de Justiça Haroldo Paula de Brito, que esteve na região para ouvir Izídio e o suposto ameaçador, em 6 de novembro de 2014. “O promotor relatou não ter encontrado indícios de conflito na região, mas colocou à disposição do senhor Antônio o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, considerado mais adequado ao caso do que o Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos”.
Edição: Aécio Amado


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Perseguições por toda parte

Iraquiano gay relata como escapou de ser atirado de prédio pelo 'EI'



O grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) tem uma punição especial para gays - o lançamento à morte do topo de prédios altos. Taim, um estudante de Medicina de 24 anos, conta a história de como escapou desse destino numa fuga do Iraque ao Líbano.
"Na nossa sociedade (iraquiana), ser gay é igual a uma sentença de morte. Quando o 'EI' mata gays, muitos ficam felizes porque pensam que somos doentes.
Percebi que era gay aos 13 ou 14 anos. Também pensava que a homossexualidade era uma doença, e só queria me sentir normal. Por isso fiz terapia durante meu primeiro ano na faculdade. Meu terapeuta me aconselhou a pedir ajuda aos amigos e dizer que eu passava por um 'período difícil'.
Minha formação é muçulmana, mas meu ex-namorado vinha de um ambiente cristão, e eu também tinha muitos amigos cristãos, com quem costumava sair. Em 2013, envolvi-me numa briga com um colega de faculdade, Omar - que depois se integrou ao 'EI' -, motivada por essa convivência com cristãos.
Um amigo meu disse a ele que pegasse leve porque eu enfrentava um momento duro e recebia tratamento por ser gay. Foi assim que ficaram sabendo. Acho que a intenção do meu amigo era boa, mas o que aconteceu em consequência disso arruinou minha vida.
Em novembro de 2013, Omar me atacou com dois amigos. Eu estava apenas andando para casa depois de um ótimo dia. Eles me espancaram, jogaram-me no chão e rasparam minha cabeça. Diziam: 'Essa é só uma lição por enquanto, porque seu pai é um homem religioso. Olhe o que você faz!'. Ele queria dizer que eu só não tinha sido morto ali em respeito ao meu pai, porque venho de uma família religiosa.

Deixei a cidade por alguns dias e não apareci na universidade. Mas acabei voltando, e, em março de 2014, deixei Omar furioso de novo, desta vez por dizer que não-muçulmanos não deveriam pagar a "jizya", uma taxa paga por não-muçulmanos a governos muçulmanos. Estava lavando as mãos no banheiro da faculdade quando ele e outros me atacaram mais uma vez.
Eles chegaram por trás, mas reconheci um deles pelo relógio verde. Era o mesmo grupo. Eles me bateram até me deixar semiconsciente. Quase não conseguia andar, e parei de ir à faculdade por um mês.
Então, no meio das provas finais, o 'EI' tomou o poder. Omar me ligou, pediu que me arrependesse e me juntasse a eles. Eu desliguei o telefone.
Em 4 de julho, um grupo de soldados do 'EI' veio até minha casa. Meu pai atendeu a porta e eles teriam dito: 'Seu filho é um infiel e um homossexual, e nós viemos trazer a punição de Deus para ele'.
Meu pai é um homem religioso, e para minha sorte conseguiu convencê-los a voltar no dia seguinte, para que ele pudesse verificar a veracidade da acusação. Ele entrou em casa e começou a gritar. Ao final, afirmou: 'Se essas acusações forem verdade, eu vou entregá-lo a eles, e feliz'. Eu fiquei estático, sem saber o que fazer ou dizer - muito menos me defender.
Eu estava em choque. Mas minha mãe decidiu que eu deveria deixar nossa casa imediatamente, e começou a me ajudar a conseguir um visto para sair do Iraque. Era meia-noite e ela me disse: 'Estamos indo agora'.

Ela me levou até a casa da minha tia. No dia seguinte, reservou um voo para a Turquia e conseguiu um visto para mim. Mas eu teria que passar por Erbil (capital da região curda do Iraque), e eles não nos deixariam entrar no Curdistão. Passei duas semanas num vilarejo perto de Erbil tentando entrar, e nada. Tentei ir por Bagdá mas havia combates na estrada e o motorista se recusava a ir. Tentei sair muitas vezes, sem sucesso.
Em agosto, após semanas me escondendo, minha mãe deu um jeito de me levar a Kirkuk, dirigindo por campos e estradas de terra. De lá segui para Sulaymaniyah. Planejava ir para a Turquia, mas o primeiro voo disponível era para Beirute, e eu não precisava de visto - e aqui estou.
Se eu tivesse ficado, o 'EI' teria ido atrás de mim e me matado como fizeram com outros. Se não me pegassem, meus próprios parentes teriam feito o serviço. Poucos dias depois que saí, soube que meu tio - irmão do meu pai - tinha jurado limpar a honra da família.

Recentemente recebi uma mensagem anônima pelo Facebook - minha mãe acha que foi meu tio. Dizia: 'Você está em Beirute. Vou te perseguir até no inferno'.
Recentemente recebi uma mensagem anônima pelo Facebook - minha mãe acha que foi meu tio. Dizia: 'Você está em Beirute. Vou te perseguir até no inferno'.
Tudo o que quero agora é ficar em um lugar seguro, fora de alcance do meu pai e de qualquer extremista. Quero estar seguro, ser livre e ser eu mesmo - quero me formar e começar a viver... Só quero começar a viver.
Advogados de direitos humanos do Projeto de Assistência a Refugiados Iraquianos me ajudaram a obter status de refugiado e estão tentando me realocar em outro país, onde quero continuar meus estudos. Aqui vivo em um quarto do tamanho do banheiro da minha antiga casa. Estou num limbo.
Acho que vou me recuperar aos poucos, mas sempre haverá a lembrança desse período negro quando tive que literalmente correr pela minha vida. Foi muito estressante, mas consegui.
Perdi contato com a maior parte da minha família. Um mês depois que fugi, meu irmão mais novo me enviou uma mensagem no Facebook dizendo: 'Tive que deixar a cidade. A família está despedaçada e a culpa é toda sua'.
Fiquei nervoso e não respondi. Mas senti saudades dele no Revéillon, então escrevi dizendo: 'Não é minha culpa ter nascido assim. Eles ('EI') são os criminosos'. E depois disso tivemos uma longa conversa no Facebook sobre nossas infâncias.
Não falei mais com meu pai. O que ele fez foi muito doloroso. Ele é meu pai. Teria que me proteger e me defender acima de tudo. Mas quando ele disse que me entregaria ao 'EI', ele sabia o que fariam comigo. Ele sabia. Talvez o perdoe no futuro, mas agora não quero nem pensar nele. Quero que fique fora da minha vida.
Mas com minha mãe falo toda semana. É difícil para ela porque não há sinal de celular e ela tem que sair da cidade para conseguir sinal. Ela é a mulher mais incrível do mundo. Ela é culta e respeitosa - é brilhante. Ela me ama, e nunca discutiu minha homossexualidade quando me ajudava a fugir.

Ela estava apenas focada em me deixar em segurança. Porque é minha mãe, acho que ela sempre soube que sou gay. Mas tudo que senti dela foi o amor, um amor verdadeiro. Nunca me despedi dela porque quando consegui (fugir) já havia tido tantas tentativas frustradas que achava que iria voltar e vê-la novamente.
Tudo o que queria era um abraço dela.
Ainda tenho amigos gays, mas perdemos contato para a própria segurança deles.
No começo deste ano um dos meus melhores amigos, que ficou no Iraque, foi morto. Ele foi jogado do alto do principal prédio do governo.
Era um grande homem, uma pessoa muito gentil. Tinha 22 anos, era estudante de Medicina, muito calmo e esperto - quase um gênio. Costumava me contar sobre as últimas descobertas científicas - sempre tirava notas altas, e nunca andava sem um livro.
Nós nos conhecemos pela internet - gays iraquianos costumam frequentar comunidades online - e depois pessoalmente. Ao vivo ele era bem quieto, mas online não parava de falar. Ele compartilhava seus maiores segredos comigo. Como homens gays, todos tínhamos que ter vidas secretas.

O Estado Islâmico é profissional ao perseguir gays - caçam um por um.
Não sei como ele foi descoberto, porque era muito cuidadoso - talvez por meio de uma mensagem de celular ou de internet. Quando o 'EI' captura alguém, eles vasculham todas as mensagens.
A última vez que o vi ao vivo foi pouco antes de o 'EI' tomar nossa cidade, mas continuamos em contato até minha fuga.
Não consigo descrever o que senti quando vi imagens dele pela primeira vez. Aquele vídeo me persegue em pesadelos. Sinto que estou caindo do alto. Sonho que estou sendo preso e depois jogado de um edifício - o mesmo destino do meu amigo.
É devastador vê-lo ir dessa maneira brutal. Ele foi vendado, mas sei que era ele pelo porte físico e tom de pele. Parece que ele morreu imediatamente, mas um amigo me disse que não - talvez o prédio não fosse alto o suficiente. Esse amigo me disse que ele foi apedrejado até a morte.
Eu queria desabar. Não podia acreditar. Um dia ele estava vivo, ativo, vivendo sua vida.
E agora ele se foi.
Temos sentimentos e alma - parem de nos odiar só porque nascemos diferentes.
Mesmo antes da chegada do 'EI', eu vivia em estado de medo constante. Não há leis para te proteger. Milicianos estavam matando pessoas em segredo - e ninguém dizia nada. Para eles, somos apenas um bando de criminosos sujos que precisam ser eliminados porque atraímos a ira de Deus e somos a fonte de todo o mal.
Foi muito difícil nos anos recentes. Havia milicianos e homens de segurança que - se descobrissem que alguém era gay - prendiam, estupravam e torturavam essa pessoa. Houve muitos assassinatos supervisionados pelo Exército iraquiano. É possível ver soldados em vídeos de pessoas sendo apedrejadas ou queimadas vivas.
Eu vi um vídeo em que um homem gay teve cordas amarradas no pescoço e foi arrastado pelas ruas, apedrejado e queimado. Alguns tiveram os retos preenchidos com cola e foram deixados no deserto para morrer.
Antes do 'EI', acho que talvez o poder da minha família tenha me protegido. Mas mesmo se o 'EI' desaparecesse agora, o risco seria o mesmo, agora que já fui identificado como gay.
A diferença agora é que o 'EI' tem apenas um método terrível de matar pessoas - jogando essas pessoas de prédios e apedrejando-as caso não morreram na queda. Esse era o meu destino se o 'EI' tivesse me pegado.
O que também mudou é que a mídia está atenta às ações do 'EI', porque é o 'EI'. E o 'EI' filma tudo, divulga o vídeo e afirma 'Matamos essas pessoas por serem gays, e essa é a punição deles de acordo com nosso Livro Sagrado'.
O 'EI' é profissional quando o assunto é perseguir gays. Caçam um a um. E quando pegam algum, vasculham seu telefone e amigos do Facebook. Eles estão tentando identificar todo homem gay. É como uma trilha de dominó - se um cai, os outros irão cair também.

Maomé pregava contra os gays?
O pesquisador do Islã Usama Hasan, da Fundação Quilliam, afirma que há muitos hadiths atribuídos ao profeta Maomé e seus discípulos sobre o tema da punição a homossexuais. "Contudo, todos são controversos e nunca houve consenso sobre seu conteúdo, principalmente porque eles parecem contradizer o Alcorão, 4:15-16." Ele acrescenta que alguns estudiosos afirmam que Maomé não poderia ter dado nenhuma ordem do tipo porque nunca teria tido conhecimento de nenhum episódio confirmado de homossexualidade.
É devastador ver a reação pública aos assassinatos. Normalmente, quando o 'EI' divulga imagens online, as pessoas se solidarizam com as vítimas - mas apenas se não forem gays. Você deveria ver os comentários no Facebook sobre os vídeos de assassinatos. "Odiamos o 'EI' mas amamos quando fazem coisas assim. Deus o abençoe, 'EI'". "Sou contra o 'EI' mas sou totalmente a favor quando matam gays". "Ótimas notícias. Isso é o mínimo que os gays merecem." "A homossexualidade é o crime mais horrendo do mundo. Belo trabalho 'EI'." "A cena é horrível, mas eles merecem." "Esses sujos merecem o 'EI'."
E há milhares de pessoas concordando com esses comentários cheios de ódio. É isso que perturba tanto. É dessa sociedade que eu fugi.
O Islã se opõe à homossexualidade. Meu pai me fez estudar a sharia (lei islâmica) por seis anos porque queria que fosse religioso como ele. Há um hadith (narrativas e pregações atribuídas ao profeta Maomé) que recomenda que homens gays sejam jogados de desfiladeiros, e depois que um juiz ou um califa decida se devem ser queimados ou apedrejados até a morte.
Penso que o 'EI' está jogando homens gays do alto de prédios porque nossa sociedade nos odeia e é uma maneira de conseguir apoio.
Eu tento não assistir aos vídeos do 'EI'. Mas para ser sincero eu procuro os vídeos deles de martírio. Quero ver se consigo ver Omar, o homem que arruinou minha vida.
Fico muito preocupado com os gays que ainda estão lá. Tenho dezenas de amigos que não podem deixar o país porque não têm dinheiro para isso. Mas depois da morte de nosso amigo eu me despedi e bloqueei todos (em redes sociais), para a própria segurança deles.
Vim a público para honrar meu amigo que foi morto - e para todo homem gay que conheço que ainda está no Iraque. Quero que os iraquianos saibam que somos seres humanos, e não bandidos. Temos sentimentos e temos alma. Parem de nos odiar apenas porque nascemos diferentes.
Tive sorte em conseguir sair. Salvei minha alma. Mas e eles? Terão sorte suficiente para sobreviver? E, se sobreviverem, irão se recuperar do trauma da perseguição? É um desastre, e todos eles são alvos.
Taim contou sua história à repórter da BBC Caroline Hawley. Taim não é seu nome real, e Omar também não é o nome verdadeiro de seu algoz.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Skype em todas as linguas

Tradução simultânea do Skype chega para português brasileiro


Divulgação/Microsoft
Skype Translator: recurso é lançado para o português brasileiro hoje pela Microsoft




São Paulo – Na tela de um notebook, um senhor sentado em uma sala repleta de penduricalhos sorri e diz: “Hi, Victor. How are you?” Depois de alguns segundos, uma voz traduz para mim: “Olá, Victória. Como vai?” É a deixa para que o homem caia na gargalhada.
Ele é Rico Malvar, cientista chefe da Microsoft Research, braço de pesquisas daMicrosoft. O mote da divisão é “transformando ideias em realidade”. É exatamente isso que Malvar me mostra naquele momento. A ideia é bastante ousada: traduzir uma conversa de voz ou vídeo simultaneamente. Essa é a definição básica do Skype Translator, recurso que chega hoje para usuários brasileiros do Skype.
Antes do teste, Malvar havia me explicado diversos detalhes sobre a tecnologia. O cientista alertou que o serviço ainda contém erros. Eles serão corrigidos com o tempo—afinal, fazer tradução simultânea é um trabalho e tanto.
A tecnologia desenvolvida pela Microsoft é baseada em aprendizado de máquinas, ou machine learning. Os computadores da Microsoft foram abastecidos com horas e horas de conversas em português do Brasil, em diversos sotaques.
Para ficar mais exato, o serviço precisa de bastante conteúdo. À medida que mais pessoas usarem o recurso, ele ficará melhor. O mesmo aconteceu com o espanhol, primeira língua disponível para tradução, que foi lançado há cerca de um ano. A evolução nesse meio tempo é visível, de acordo com a Microsoft. O mesmo deve acontecer com o português nos próximos meses.
Para isso, as conversas realizadas usando o recurso são material de pesquisa da Microsoft. Antes de iniciar um bate papo com o Skype Translator, o usuário ouve um aviso de que aquele material será usado pela empresa. Os dados são coletados de forma anônima e o conteúdo da conversa não é analisado pela Microsoft.
Ponto de partida
“O conteúdo base foi de muitas conversas. Filmes seguem um script, as falas não têm as imperfeições de uma conversa informal”, explicou Malvar. Mesmo alguns termos técnicos já são compreendidos e traduzidos pelo Skype.
Usar o serviço por alguns minutos é convincente. A experiência fica próxima de uma conversa natural. Em alguns momentos é preciso aguardar um pouco pela tradução, mas nada que estrague um bate papo--que sequer existiria antes do novo recurso.
A tecnologia tem poder para transformar a sociedade. “Com o Skype, a distância deixou de ser uma barreira. A sociedade mudou. O Skype Translator vai derrubar mais uma barreira: a língua. Conversas que antes não poderiam existir agora existem”, disse Malvar.
Para ele, as possibilidades de transformação são muitas. A economia pode mudar, com a possibilidade de conversas e negociações entre empresas de países diferentes. O contato social entre pessoas de locais diversos também pode ser impactado.

Com o lançamento de hoje, o português brasileiro é a sétima língua disponível para o sistema. As outras são inglês, espanhol, mandarim, italiano, francês e alemão. O lançamento de hoje serve apenas para o português brasileiro.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Risco no BTG!

Moody's põe BTG sob revisão para rebaixamento após prisão de Esteves
Nota do banco está hoje 1 degrau acima da perda do grau de investimento.
CEO é suspeito de planejar obstruir investigações da Lava Jato.
Do G1, em São Paulo





André Esteves, proprietário do Banco BTG Pactual,
em foto de julho de 2014
(Foto: Nacho Doce/Reuters)


A agência de classificação de risco Moody's colocou o banco BTG Pactual sob revisão para rebaixamento, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (26), depois que o presidente do banco, André Esteves, foi preso na véspera, suspeito de planejar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do BTG é hoje Baa3, último degrau antes da perda do grau de investimento. Além do banco, também foram colocadas sob revisão todas as notas das filiais em Grand Cayman e Luxemburgo.

saiba mais
"A ação de rating reflete a preocupação da Moody's de que a recente detenção do presidente e CEO do BTG possa ter impacto no relacionamento do banco com seus clientes e parceiros", diz a Moody's em nota, que afirma ainda que ela possa ter "implicações negativas para a empresa".

A agência ressalta que revisão pode resultar em rebaixamento se as investigações encontrarem conexões entre Esteves e as operações do banco que tenham consequências negativas, regulatórios ou outras implicações legais para o banco; se a capacidade de gerar negócios for prejudicada; ou se o financiamento foi impactado negativamente.

"Pressões positivas", diz o comunicado, "são improváveis". Os ratings, no entanto, podem ser confirmados no patamar atual caso a companhia seja capaz de manter sua liquidez e capacidade de geração de receitas, e se as investigações não encontrarem nenhuma evidência contra o banco.




sábado, 14 de novembro de 2015

O centro do estado moderno

Respeito aos direitos humanos pode fragilizar segurança na França, diz professor





  • 14/11/2015 17h36
  • Brasília
Marieta Cazarré - Repórter da Agência Brasil








A França é um país visto internacionalmente como símbolo da liberdade, da tolerância e do respeito aos direitos humanos. Exatamente por esse motivo é mais vulnerável a ataques terroristas. Esta é a opinião do professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Estevão de Rezende Martins.

Para Martins, a França tem um cuidado especial com o respeito aos direitos humanos e isso gera fragilidade na segurança do país. “Nos Estados Unidos, por exemplo, eles têm o chamdo ato patriótico, que suspende garantias. Isso não acontece na França”, disse.

O “ato patriota” é uma lei dos Estados Unidos, aprovada após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que tem por objetivo reforçar a segurança interna e aumentar os poderes das agências de cumprimento da lei para identificar e prender terroristas. A lei é controversa. Há quem acredite que é útil nas investigações e prisões de terroristas, mas há quem critique por entender que ameaça direitos civis.

Na França, suspeitar que um cidadão tenha relação com agentes terroristas não é razão suficiente para prendê-lo, disse o professor. “Isso cria um entrave para as ações dos serviços de segurança”, explicou.

No entanto, após os atentados de ontem (13), em Paris,, o Conselho de Ministros da França baixou hoje (14) decreto declarando estado de emergência no país com vigência imediata em toda área metropolitana da capital francesa e também na Córsega. O decreto dá poderes à polícia para impedir a circulação de pessoas na capital francesa, permite o acesso à casa de qualquer pessoa cuja atividade seja considerada perigosa, o fechamento provisório de salas de espetáculo e de lugares públicos que reúnam muitas pessoas, o recolhimento de armas e também a realização de buscas administrativas.

Para Estevão Martins, como o atual governo é do partido socialista, há um receio dos governantes franceses em adotar táticas duras de repressão, pois são consideradas bandeiras da extrema-direita. “Mas, para algumas pessoas, o direito às liberdades públicas pode ser interpretado como liberdade demais, principalmente após um atentado como o de ontem”.

Na opinião do professor, depois que a França declarou guerra ao Estado Islâmico e realizou bombardeios na Síria, criou um espaço ideal de ataque. Estevão Martins considera provável que os terroristas sejam cidadãos franceses “e pouco importa a origem, pois ao serem cidadãos, fica mais difícil coibir. “O ladrão não avisa, simplesmente ataca”.

O professor afirmou ainda que a ação foi organizada e “eles certamente tiveram treinamento militar e disciplina armada”. Um dificultador na coerção destes atos, observou, é o fato de que eles têm a ideologia do heroísmo, onde perder a vida não é um problema. “É uma lógica contrária à ocidental, da defesa da vida. Essa lógica não se aplica aos terroristas, que não têm problema em perder a vida. Então eles desconcertam, desarmam o outro”.
Edição: Lana Cristina


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Muito lentamente...



‘Mister Brau’, da Globo, é notícia no Reino Unido por abordar racismo

Publicado há 4 dias - em 8 de outubro de 2015 » Atualizado às 9:43
Categoria » Questão Racial - Portal Geledes











 Jornal britânico ‘The Guardian’ publicou artigo que trata da baixa presença de atores negros em papéis de destaque na televisão brasileira





Do Veja
A série Mister Brau, que substituiu o sucesso de audiência Tapas & Beijos nas noites de terça na Globo, virou notícia na Inglaterra por abordar o racismo no Brasil — país ainda envolto pelo mito da democracia racial.

O jornal britânico The Guardian publicou um artigo nesta quarta-feira em que discute o lugar do negro na televisão brasileira e mostra como a participação negra na dramaturgia nacional é restrita e carregada de preconceito: 75% dos papeis destinados a atores negros no país são para personagens em posição de subserviência, dado retirado do documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo.

O casal protagonista, Lázaro Ramos e Taís Araújo, é descrito pela publicação como o Jay Z e a Beyoncé brasileiros e a participação dos dois na série é apontada como uma importante tentativa de mudar o racismo presente na televisão nacional.

O jornal inglês ainda faz um panorama do preconceito racial no Brasil, citando uma pesquisa conduzida pela professora de antropologia da USP Lilian Schwartz. Nela, 96% dos brasileiros disseram não acreditar que exista racismo no país, mas 99% afirmam conhecer alguém que seja racista. Os números que, como se vê, são contraditórios, revelam que há algo de podre no Reino na Dinamarca — ops, no Brasil.

Após um breve resumo da história brasileira e da intensa imigração de escravos africanos durante séculos, o Guardian conclui que o país está vivendo uma inédita ascensão de negros, que passaram a se fazer mais presentes nas classes dominantes. Apesar de tardio e lento, o processo vem acontecendo no Brasil e os negros têm ganhado espaço na televisão. O jornal ainda cita a apresentadora Maria Julia Coutinho, a Maju, vítima recente de racismo nas redes sociais.