quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Black lives matter



Protestos violentos levam governador a decretar emergência em Charlotte
  • 22/09/2016 08h24
  • Estados Unidos
José Romildo - Correspondente da Agência Brasil

 Devido aos violentos protestos em Charlotte, na Carolina do Norte, o governador do estado, Pat McCrory, declarou estado de emergênciaCaitlin Penna/EPA/Agência Lusa/direitos reservados


Charlotte, principal cidade do estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, teve uma madrugada caótica em razão de protestos violentos de moradores contra a morte de um homem negro, atingido a tiros pela polícia na última terça-feira. Durante todo o dia de ontem (21), o clima da cidade estava tenso, mas piorou quando, às 20h, centenas de manifestantes marcharam pelas ruas e gritavam "black lives matter" (vidas negras têm valor).

A passeata era seguida de perto por policiais vestidos com equipamento contra motim. Os manifestantes jogaram garrafas e pedras na polícia, em carros, em casas e lojas.  A polícia respondeu atirando neles balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

Esta foi segunda noite seguida de tumultos em Charlotte. O governador da Carolina do Norte, Pat McCrory, decidiu decretar estado de emergência e solicitar ajuda de tropas federais. A Casa Branca e o Departamento de Justiça norte-americano enviaram funcionários para acompanhar os acontecimentos e analisar que outras medidas podem ser adotadas para acalmar a situação. Vários manifestantes foram feridos e atendidos em hospitais.

Versões conflitantes
Os protestos em Charlotte vêm sendo incentivados por mensagens divulgadas em redes sociais que contestam os motivos apresentados pela polícia pela morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos. Segundo a versão da polícia, Keith Scott foi atingido a tiros porque estava armado e não obedeceu à ordem de colocar a arma no chão e levantar os braços. Pela versão de parentes da vítima, Scott estava esperando a chegada do filho em um ônibus escolar e tinha um livro, e não uma arma, nas mãos.

Em uma entrevista, a prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, pediu calma à população e prometeu total transparência na investigação do caso. Ao lado dela, o chefe da polícia de Charlotte, Kerr Putney, afirmou que "a história é muito diferente da que foi contada nas redes sociais".

Segundo Putney, os policiais pediram a Scott que largasse a arma que transportava quando saiu de um carro. O investigador não especificou, porém, se a vítima chegou a apontar a arma para os policiais. O chefe da polícia garantiu que, no local do incidente, foi encontrada uma arma perto do corpo da vítima e não um livro.
Edição: Kleber Sampaio


domingo, 4 de setembro de 2016

Somos contra Temer

Manifestantes protestam contra governo Temer em Copacabana
  • 04/09/2016 14h29
  • Rio de Janeiro






Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil
Centenas de pessoas se reuniram hoje (4) para protestar contra o governo do presidente Michel Temer, em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O ato ocorre menos de uma semana do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, pelo Senado, que levou seu  ex-vice a assumir o governo. Outras manifestacoes populares estão marcadas em varias cidades do pais.

Victor Guimarães, representante do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que cresce nas ruas o movimento de resistência, apesar do boicote da mídia. Guimarães acredita que as pessoas estão atentas a retrocessos nas politicas públicas e direitos sociais. Como exemplo, cita a reforma trabalhista, em discussão no governo e o corte no Programa Minha Casa, Minha Vida.

"Na primeira semana de interinidade já suspenderam com uma canetada a contratação de dez mil moradias nos país", afirmou. "Dez mil familias inteiras tiveram o sonho da moradia interrompido por uma canetada. Até hoje, não chamaram a gente para negociar,  eles não conversam", afirmou, referindo-se à linha do programa que repassava recursos para organizações sociais construirem os prédios e que foi suspensa.

Segundo o representante MTST, o governo anunciou que voltaria atrás, mas não desbloqueou ainda os recursos de menos de 2% do programa nessa modalidade e que não passava pelas mãos de grandes construtoras.

Preocupada com o que chamou de retrocessos na educacao, a jovem Maria Eduarda Luporini, de 16 anos também estava na manifestação. Para ela, os anúncio de reformas, incluindo privatizações e cortes de gastos públicos levará o ensino público ao colapso, principalmente o ensino superior com o qual ela sonha. "Esse governo só vai acentuar os problemas do país, quem mais vai se prejudicar sao os trabalhadores e o pobres", disse.

Teresinha Martins Sobral, de 83 anos, aposentada, afirmou olhar com desconfiança para o novo governo. "Um governo que chegou aonde está por cima do voto popular não é legítimo", disse. Ela acompanha a situação política do país e diz que é a mais grave pela qual já passou.

Saiba Mais
"Já vi tantas coisas, mas de toda minha jornada de vida, isso é pior. As perdas diante do que tínhamos conquistado, de direito, minha sobrinha agora mesmo estava me falando do corte de verbas nas universidades, ou seja, é um golpe sobre as conquistas recentes."

Para ela, as pessoas têm mais consciencia agora do que em 1964, quando os militares chegaram à presidência à força. Por isso, participam de protestos. "A manifestação é pacífica, por direitos, o brasileiro tem que se manifestar contra o golpe", afirmou Teresinha.

Também aposentada, a professora universitária, na faixa dos 60 anos, Beti Rabeti, identifica sinais de machismo no processo que tirou Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, pelo Congresso, em um processo cuja legalidade é questionada por setores da sociedade.

"Há uma dimensão machista, até misógina, no fato de termos a primeira mulher presidenta afastada", afirmou. Ela não acredita em reversão, mas avalia que a resistência vai existir. " A luta politica nunca foi e nem nunca será fácil. A esquerda hoje é mais necessaria que nunca. A luta é contínua", disse.

Com frases bem humorados contra o governo, como "Já falei, vou repetir, é o povo que tem de decidir", além de  cartazes a favor de eleições, a manifestação seguiu em direção ao Canecão, tradicional casa de shows, ocupada pelo movimento "Ocupa Min".
A Policia Militar não faz estimativa de público em manifestações no Rio. Os organizadores da Frente Brasil Popular não passaram o número de participantes.

A assessoria do Planalto disse que, até o momento, não há previsão de o Palácio do Planalto se pronunciar sobre as manifestações contra o governo do presidente Michel Temer.

Na China, Temer disse que as manifestações que vem ocorrendo não representam a vontade da maioria. "Quem muitas vezes se insurge como um ou outro movimentozinho, é sempre um grupo muito pequeno de pessoas. Não são aqueles que acompanham a maioria dos brasileiros”, disse Temer, no último dia 2, a jornalistas que o acompanham na viagem.

Edição: Maria Claudia