Manifestantes protestam
contra governo Temer em Copacabana
- 04/09/2016
14h29
- Rio
de Janeiro
Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil
Centenas de pessoas se
reuniram hoje (4) para protestar contra o governo do presidente Michel Temer,
em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Praia de Copacabana, no Rio de
Janeiro. O ato ocorre menos de uma semana do impeachment da
ex-presidenta Dilma Rousseff, pelo Senado, que levou seu ex-vice a
assumir o governo. Outras manifestacoes populares estão marcadas em varias
cidades do pais.
Victor Guimarães,
representante do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que cresce
nas ruas o movimento de resistência, apesar do boicote da mídia. Guimarães
acredita que as pessoas estão atentas a retrocessos nas politicas públicas e
direitos sociais. Como exemplo, cita a reforma trabalhista, em discussão no
governo e o corte no Programa Minha Casa, Minha Vida.
"Na primeira
semana de interinidade já suspenderam com uma canetada a contratação de dez mil
moradias nos país", afirmou. "Dez mil familias inteiras tiveram o
sonho da moradia interrompido por uma canetada. Até hoje, não chamaram a gente
para negociar, eles não conversam", afirmou, referindo-se à linha do
programa que repassava recursos para organizações sociais construirem os
prédios e que foi suspensa.
Segundo o representante
MTST, o governo anunciou que voltaria atrás, mas não desbloqueou ainda os recursos
de menos de 2% do programa nessa modalidade e que não passava pelas mãos de
grandes construtoras.
Preocupada com o que
chamou de retrocessos na educacao, a jovem Maria Eduarda Luporini, de 16 anos
também estava na manifestação. Para ela, os anúncio de reformas, incluindo
privatizações e cortes de gastos públicos levará o ensino público ao colapso,
principalmente o ensino superior com o qual ela sonha. "Esse governo só
vai acentuar os problemas do país, quem mais vai se prejudicar sao os trabalhadores
e o pobres", disse.
Teresinha Martins
Sobral, de 83 anos, aposentada, afirmou olhar com desconfiança para o novo
governo. "Um governo que chegou aonde está por cima do voto popular não é
legítimo", disse. Ela acompanha a situação política do país e diz que é a
mais grave pela qual já passou.
Saiba Mais
- Temer
afirma que protestos contra impeachment são "pequenos e depredadores"
- Na
China, Temer diz que manifestações não representam vontade da maioria
"Já vi tantas
coisas, mas de toda minha jornada de vida, isso é pior. As perdas diante do que
tínhamos conquistado, de direito, minha sobrinha agora mesmo estava me falando
do corte de verbas nas universidades, ou seja, é um golpe sobre as conquistas
recentes."
Para ela, as pessoas
têm mais consciencia agora do que em 1964, quando os militares chegaram à
presidência à força. Por isso, participam de protestos. "A manifestação é
pacífica, por direitos, o brasileiro tem que se manifestar contra o
golpe", afirmou Teresinha.
Também aposentada, a
professora universitária, na faixa dos 60 anos, Beti Rabeti, identifica sinais
de machismo no processo que tirou Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, pelo
Congresso, em um processo cuja legalidade é questionada por setores da
sociedade.
"Há uma dimensão
machista, até misógina, no fato de termos a primeira mulher presidenta
afastada", afirmou. Ela não acredita em reversão, mas avalia que a
resistência vai existir. " A luta politica nunca foi e nem nunca será
fácil. A esquerda hoje é mais necessaria que nunca. A luta é contínua",
disse.
Com frases bem
humorados contra o governo, como "Já falei, vou repetir, é o povo que tem
de decidir", além de cartazes a favor de eleições, a manifestação
seguiu em direção ao Canecão, tradicional casa de shows, ocupada pelo movimento
"Ocupa Min".
A Policia Militar não
faz estimativa de público em manifestações no Rio. Os organizadores da Frente
Brasil Popular não passaram o número de participantes.
A assessoria do
Planalto disse que, até o momento, não há previsão de o Palácio do Planalto se
pronunciar sobre as manifestações contra o governo do presidente Michel Temer.
Na China, Temer disse
que as manifestações que vem ocorrendo não representam a vontade da maioria.
"Quem muitas vezes se insurge como um ou outro movimentozinho, é sempre um
grupo muito pequeno de pessoas. Não são aqueles que acompanham a maioria dos
brasileiros”, disse Temer, no último dia 2, a jornalistas que o acompanham na
viagem.
Edição: Maria Claudia
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