quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Risco no BTG!

Moody's põe BTG sob revisão para rebaixamento após prisão de Esteves
Nota do banco está hoje 1 degrau acima da perda do grau de investimento.
CEO é suspeito de planejar obstruir investigações da Lava Jato.
Do G1, em São Paulo





André Esteves, proprietário do Banco BTG Pactual,
em foto de julho de 2014
(Foto: Nacho Doce/Reuters)


A agência de classificação de risco Moody's colocou o banco BTG Pactual sob revisão para rebaixamento, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (26), depois que o presidente do banco, André Esteves, foi preso na véspera, suspeito de planejar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do BTG é hoje Baa3, último degrau antes da perda do grau de investimento. Além do banco, também foram colocadas sob revisão todas as notas das filiais em Grand Cayman e Luxemburgo.

saiba mais
"A ação de rating reflete a preocupação da Moody's de que a recente detenção do presidente e CEO do BTG possa ter impacto no relacionamento do banco com seus clientes e parceiros", diz a Moody's em nota, que afirma ainda que ela possa ter "implicações negativas para a empresa".

A agência ressalta que revisão pode resultar em rebaixamento se as investigações encontrarem conexões entre Esteves e as operações do banco que tenham consequências negativas, regulatórios ou outras implicações legais para o banco; se a capacidade de gerar negócios for prejudicada; ou se o financiamento foi impactado negativamente.

"Pressões positivas", diz o comunicado, "são improváveis". Os ratings, no entanto, podem ser confirmados no patamar atual caso a companhia seja capaz de manter sua liquidez e capacidade de geração de receitas, e se as investigações não encontrarem nenhuma evidência contra o banco.




sábado, 14 de novembro de 2015

O centro do estado moderno

Respeito aos direitos humanos pode fragilizar segurança na França, diz professor





  • 14/11/2015 17h36
  • Brasília
Marieta Cazarré - Repórter da Agência Brasil








A França é um país visto internacionalmente como símbolo da liberdade, da tolerância e do respeito aos direitos humanos. Exatamente por esse motivo é mais vulnerável a ataques terroristas. Esta é a opinião do professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Estevão de Rezende Martins.

Para Martins, a França tem um cuidado especial com o respeito aos direitos humanos e isso gera fragilidade na segurança do país. “Nos Estados Unidos, por exemplo, eles têm o chamdo ato patriótico, que suspende garantias. Isso não acontece na França”, disse.

O “ato patriota” é uma lei dos Estados Unidos, aprovada após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que tem por objetivo reforçar a segurança interna e aumentar os poderes das agências de cumprimento da lei para identificar e prender terroristas. A lei é controversa. Há quem acredite que é útil nas investigações e prisões de terroristas, mas há quem critique por entender que ameaça direitos civis.

Na França, suspeitar que um cidadão tenha relação com agentes terroristas não é razão suficiente para prendê-lo, disse o professor. “Isso cria um entrave para as ações dos serviços de segurança”, explicou.

No entanto, após os atentados de ontem (13), em Paris,, o Conselho de Ministros da França baixou hoje (14) decreto declarando estado de emergência no país com vigência imediata em toda área metropolitana da capital francesa e também na Córsega. O decreto dá poderes à polícia para impedir a circulação de pessoas na capital francesa, permite o acesso à casa de qualquer pessoa cuja atividade seja considerada perigosa, o fechamento provisório de salas de espetáculo e de lugares públicos que reúnam muitas pessoas, o recolhimento de armas e também a realização de buscas administrativas.

Para Estevão Martins, como o atual governo é do partido socialista, há um receio dos governantes franceses em adotar táticas duras de repressão, pois são consideradas bandeiras da extrema-direita. “Mas, para algumas pessoas, o direito às liberdades públicas pode ser interpretado como liberdade demais, principalmente após um atentado como o de ontem”.

Na opinião do professor, depois que a França declarou guerra ao Estado Islâmico e realizou bombardeios na Síria, criou um espaço ideal de ataque. Estevão Martins considera provável que os terroristas sejam cidadãos franceses “e pouco importa a origem, pois ao serem cidadãos, fica mais difícil coibir. “O ladrão não avisa, simplesmente ataca”.

O professor afirmou ainda que a ação foi organizada e “eles certamente tiveram treinamento militar e disciplina armada”. Um dificultador na coerção destes atos, observou, é o fato de que eles têm a ideologia do heroísmo, onde perder a vida não é um problema. “É uma lógica contrária à ocidental, da defesa da vida. Essa lógica não se aplica aos terroristas, que não têm problema em perder a vida. Então eles desconcertam, desarmam o outro”.
Edição: Lana Cristina