Dólar tem primeira
queda depois de 12 dias de alta
B3 continuou a cair
e fechou abaixo de 100 mil pontos
Publicado em 06/03/2020
- 19:15 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Pela primeira vez depois de 12 sessões seguidas de alta, o dólar caiu
com a ajuda do Banco Central (BC), que interveio no câmbio. Influenciada pelo
exterior, a bolsa de valores teve mais uma forte queda e fechou abaixo de 100
mil pontos pela primeira vez desde o fim de agosto.
O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (6) vendido a R$ 4,634,
com queda de R$ 0,017
(-0,36%). De manhã, a divisa alternou momentos de alta e de baixa.
Na máxima do dia, por volta das 9h30, encostou em R$ 4,67, mas inverteu o
movimento e passou a operar em queda ao longo de toda a tarde.
Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 15,47%. O real
tornou-se a moeda que mais se desvalorizou em todo o planeta em 2020. O euro
comercial não teve o mesmo comportamento do dólar e continuou a subir. A moeda
voltou a bater recorde nominal e fechou vendido a R$ 5,245, com alta de 1,32%.
O Banco Central leiloou US$ 2 bilhões em novos contratos de swap cambial,
que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC promoveu dois leilões
de manhã. Até o início da noite, a autoridade monetária não tinha anunciado
novos leilões de swap na segunda-feira (9).
O mercado de ações teve mais um dia marcado pelo nervosismo. O índice
Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou a sexta-feira
aos 97.977 pontos, com recuo de 4,14%. Ontem (5), o índice tinha caído
4,65%. O Ibovespa seguiu as principais bolsas mundiais, que também registraram
fortes quedas.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem
atravessado turbulências em meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a
economia global. Recentemente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) reduziu, de 2,9% para 2,4%,
a previsão de crescimento econômico mundial para 2020.
A decisão do Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano,
de reduzir os juros
básicos dos Estados Unidos em caráter emergencial pode forçar o Banco
Central brasileiro a reduzir a taxa Selic (juros básicos da economia) na
próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos próximos dias 17 e
18.
Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas por causa
da interrupção da atividade industrial na China, indústrias de diversos países,
inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricar e montar
produtos.
A desaceleração da China, segunda maior economia do planeta,
também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos
agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o
principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando
a cotação.
Entre os fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar,
está a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da
história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no
Brasil, também puxando a cotação para cima. Ontem (5), o ministro da
Economia, Paulo Guedes, atribuiu a
desvalorização do real à desaceleração da economia global, aos efeitos do
coronavírus e à queda dos juros.
Edição: Nádia Franco