Legalizar
maconha pode fazer mal para o meio ambiente
A maconha legal nos EUA já rende mais de 1 bilhão –
mas cientistas estão preocupados com o impacto dessa nova indústria na natureza
Por Ana
Carolina Leonardi, da Superinteressante
access_time 27 fev 2017, 14h31
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Maconha: publicação aponta que existem riscos ao
meio ambiente que ninguém pensa antes de começar a produzir a planta (Getty
Images)
A legalização da maconha é um tema extremamente polêmico: as
opiniões divergem sobre o impacto que a medida teria sobre a saúde pública, a
economia e o tráfico de drogas. Mas um grupo de cientistas está questionando um
lado não muito discutido sobre a cannabis: como a produção industrial da erva
pode impactar o meio ambiente.
O artigo, assinado por
pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, e da Universidade
de Lancaster, na Inglaterra, já entrega seu objetivo no título: “É tempo de
avaliar o impacto ambiental do cultivo da maconha”.
A publicação aponta que existem
riscos ao meio ambiente que ninguém pensa antes de começar a produzir a planta.
Isso porque plantar maconha não é
fácil. É uma planta que gosta de temperaturas altas e constantes para crescer –
entre 25º e 30º C – além de exigir luz intensa, solo altamente fértil e muita
água. Por tudo isso, nos estados em que é legalizada nos EUA, a maconha é
plantada em ambientes fechados.
Os problemas mais óbvios
apontados pelos pesquisadores são os altos gastos energéticos necessários para
manter a plantação nessas condições tão específicas.
É muita energia elétrica gasta no
controle da luz e da temperatura – o artigo diz que a eletricidade necessária é
comparável a de manter um data center gigantesco do Google. Irrigação é outra
questão: plantas de cannabis precisam do dobro de água do que as uvas de um
vinhedo, por exemplo.
Os cientistas apontam outros
impactos que ainda não somos capazes de medir. O primeiro deles é o quanto de
gases poluentes é emitido para produzir toda essa energia elétrica necessária
para o cultivo.
Outro ponto é que destino está
sendo dado aos herbicidas, fungicidas e nutrientes usados para enriquecer o
solo das plantações.
A verdade é que não sabemos o
tamanho desses riscos, porque as pesquisas para avaliar esses problemas só
foram feitas em plantações ilegais de maconha.
Assim, o manejo seguro das
substâncias e o uso responsável da água e do solo nunca foram questões bem
trabalhadas, porque não havia regulação.
O que os estudos existentes
mostram é um cultivo extremamente poluente, com consequências desconhecidas
para a saúde de quem fica o tempo todo dentro da estufa de cannabis. O que não
se sabe é se esses riscos são inerentes ao cultivo da erva ou se podem ser
mitigados por uma regulação responsável.
Esse é o objetivo final do artigo
dos cientistas: mostrar aos governos a necessidade de encomendar e financiar
novos estudos sobre a produção da maconha dentro das normas legais, para
garantir que os problemas ambientais da ilegalidade não sejam herdados – e
elevados à escala industrial – pelos produtores legais de maconha.
Este conteúdo foi originalmente
publicado na Superinteressante.