Racismo
aterroriza estudantes portugueses na Polónia
Data:
28/04/2016
em: Casos de Racismo
O medo e a tensão estão a crescer entre os
estudantes portugueses na Polónia. Os incidentes com grupos de movimentos
nacionalistas não param. Há relatos de alunos obrigados permanecer nos quartos
durante um fim de semana para evitar confrontos com polacos com ideais racistas
e xenófobos.
Por Inês
Schreck Do Jn
O episódio ocorrido em Rzeszow,
com um estudante português a ser arrastado pelos cabelos e insultado por um
militar polaco, não é único.
Em Bialystock, onde estudam cerca
de 50 portugueses na Universidade e no Politécnico, o clima de tensão entre
polacos e estrangeiros é permanente, contou ao JN um aluno.
A mesma fonte, que pediu para não
ser identificada, revela que há conflitos permanentes na discoteca do campus
universitário entre polacos e alunos estrangeiros, que culminam invariavelmente
com a intervenção da polícia.
O ambiente académico entre
estudantes Erasmus é “agradável”, sublinha o aluno, mas constantemente
perturbado por polacos.
“Os polacos, dotados de
fisionomia mais forte e capaz, tendem, todas as noites quase sem exceção, a
impor-se de modo provocatório, de forma a pôr medo aos estrangeiros”, relata o
estudante ao JN.
Há dois fins de semana, os
estudantes do programa Erasmus+ do Politécnico de Bialystock foram avisados por
email de que não deveriam ausentar-se dos dormitórios, entre as 11 horas de
sábado e as três da madrugada de domingo, por questões de segurança pois ia
decorrer uma manifestação nacionalista.
Foram ainda advertidos de que não
deveriam deslocar-se ao centro da cidade ou sequer circular no campus
universitário para evitar “desagradáveis incidentes”.
Durante esse sábado, dia 16 de
abril, instalou-se “o medo e a revolta” entre os estudantes estrangeiros que,
desde que chegaram, sentem que há um “olhar de lado” e um “julgamento”
permanente contra aqueles que não falam polaco.
Como se não bastasse, na noite da
manifestação um grupo de manifestantes realizou um concerto precisamente na
discoteca do campus universitário.
O incidente provocou a demissão
do diretor da fundação para o desenvolvimento daquela universidade, responsável
pelo aluguer do espaço, conforme noticiou a Imprensa Polaca.
E obrigou o reitor da
Universidade de Bialystock vir a público garantir que a comunidade académica
não se identifica com os ideais daquele grupo nacionalista e que tal incidente
não voltaria a ocorrer.
“Apesar de todo e qualquer
reforço policial, o receio, a pressão, a ânsia…são reais. Os esforços do
Politécnico são evidentes, mas sem qualquer efeito”, contou o aluno.
Após o incidente de Rzeszow, a
Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação veio assegurar que tem estado em
contacto com instituições de ensino portuguesas que tem manifestado preocupação
relativamente à segurança de portugueses que se encontram em instituições
polacas no âmbito do Programa Erasmus, em locais em que tem havido
manifestações nacionalistas.
Estão atualmente 956 portugueses
a estudar na Polónia ao abrigo daquele programa de intercâmbio de alunos. É o
segundo destino dos estudantes Erasmus+.
Questionada pelo JN, sobre os
incidentes em Bialystock, a Agência Nacional referiu que apenas teve
conhecimento das agressões reportadas pela Imprensa em Rzeszow.
Mas mantém as recomendações aos
bolseiros para que “cumpram as indicações de segurança emitidas pelas
instituições de acolhimento, incluindo recolher obrigatório”.
“Até que esta situação seja
ultrapassada, é aconselhável que os bolseiros portugueses estejam atentos e não
desrespeitem as normas de segurança em questão”, frisa a Agência Nacional
Erasmus+.
Em Portugal, também no âmbito do
Programa Erasmus+, estão 1371 estudantes do Ensino Superior polacos.
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