Impeachment
de Dilma ainda precisa passar pelo Senado; saiba como vai funcionar
- 17/04/2016 23h08
- Brasília
Karine
Melo - Repórter da Agência Brasil
Os senadores irão decidir se aceitam
o processo de impeachment de Dilma Rousseff Fábio
Pozzebom/Agência Brasil
Com o
sinal verde dado neste domingo (17) pela Câmara dos Deputados para abertura do
processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o futuro do
mandato presidencial está agora nas mãos dos 81 senadores.
Nesta segunda-feira (18), o
processo será enviado ao Senado e no dia seguinte (19) lido no plenário da
Casa. Ainda na terça-feira, os líderes partidários deverão indicar os 42
parlamentares que vão compor a comissão que analisará o assunto no Senado, com
21 titulares e 21 suplentes. A comissão tem prazo de 48 horas para eleger o
presidente e o relator. Por causa do feriado de 21 de abril, nesta
quinta-feira, isso deverá ocorrer somente na segunda-feira (25).
Os integrantes da comissão
especial serão definidos conforme a proporcionalidade dos partidos ou dos
blocos partidários. A partir daí, o colegiado terá dez dias para apresentar um
relatório pela admissibilidade ou não do processo de impeachment. O que
ainda não está claro é se são dias corridos ou dias úteis. O parecer será
votado na comissão e independentemente do resultado também será apreciado pelo
plenário do Senado. Em ambos os casos, a votação será por maioria simples.
Afastamento
Caso aprovada a admissibilidade
do processo pelo Senado, o que deve ser decidido entre os dias 10 e 11 de maio,
a presidenta Dilma Rousseff será notificada e afastada do cargo por um prazo
máximo de 180 dias, para que os senadores concluam o processo. O vice-presidente
da República, Michel Temer, assume o posto. Mesmo se for afastada, Dilma
manterá direitos como salário, residência no Palácio da Alvorada e segurança.
Nesse período, ela fica impedida apenas de exercer suas funções de chefe de
Estado.
Saiba
Mais
Instrução processual
Nesta etapa, o processo voltará à
comissão especial para a fase de instrução. É aí que a presidenta terá até 20
dias para apresentar sua defesa. A comissão analisará todos os elementos para o
impedimento e a defesa de Dilma Rousseff. Também serão juntados documentos,
provas, mas, para isso, não há prazo definido em lei.
Um novo parecer com as
conclusões, com base no que for reunido, será votado na comissão especial e no
plenário da Casa, também por maioria simples. Se aprovado mais esse parecer a
favor do impeachment, o julgamento final do processo será marcado. A
sessão, no Senado, será presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF). Nessa última votação, feita apenas no plenário do Senado, é preciso dois
terços dos votos para que o impedimento seja aprovado. Ou seja, 54 dos 81
senadores.
Dúvidas
O processo de impeachment de
Dilma Rousseff chega ao Senado em meio a uma série de dúvidas sobre o que
determina a legislação e o regimento interno a respeito de prazos processuais.
Até terça-feira (19), o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá reunir os líderes dos
partidos e consultar o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, sobre o rito do
processo na Casa. A opinião de Lewandowski é considerada fundamental para que o
rito não seja questionado judicialmente por partidos. A expectativa é que a
partir daí o calendário de tramitação no Senado sofra alterações.
O próprio início da participação
do presidente do STF no julgamento é motivo de dúvidas. Em 1992, o ministro
Sydney Sanches, que presidiu a condução do processo de impeachment do
ex-presidente Fernando Collor, assumiu o comando do processo no Senado a partir
de sua admissibilidade. Agora, a avaliação é que o presidente do Supremo lidere
o processo apenas no dia do julgamento.
Outra dúvida diz respeito a
composição da comissão que avaliará previamente a admissibilidade do processo.
Ainda não está definido se o presidente e o relator da comissão serão
designados, como tradicionalmente, respeitando a maior bancada, ou se haverá
eleição.
O prazo que a comissão teria para
apresentar um relatório e votá-lo também é motivo de questionamentos.
Diferentemente da Câmara, que considerou 10 sessões plenárias, a previsão em
lei é de dez dias no Senado. Não está claro, entretanto, se serão contados dias
corridos ou úteis.
Edição: Carolina
Pimentel
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