Gilmar diz que sem reforma
política, Supremo deve proibir coligações partidárias
- 03/05/2017 12h02
- Brasília
Felipe
Pontes - Repórter da Agência Brasil
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Gilmar Mendes, afirmou hoje (3) que, caso o Congresso Nacional não aprove uma
reforma política válida já para as próximas eleições, o Supremo Tribunal
Federal (STF), do qual ele também faz parte, será levado a proibir em breve as
coligações partidárias.
Os recentes casos de corrupção no financiamento de
campanhas de partidos coligados, que estão sendo julgados tanto no TSE como no
STF, têm mobilizado os ministros de ambas as cortes a impulsionarem a
proibição, afirmou Gilmar Mendes.
“Isso vai certamente levar o Supremo, daqui a
pouco, a reagir, como reagiu em relação à doação corporativa, proibindo a
doação de empresas privadas. Certamente, isso vai levar o Supremo a, se não
vier uma reforma política, reagir também, proibindo as coligações”, acrescentou
o ministro.
Pelo sistema que vigora atualmente nas eleições
proporcionais para a Câmara dos Deputados, por exemplo, o candidato de um partido
que recebeu um grande número de votos pode fazer com que o candidato de outro
partido menor, da mesma coligação, seja eleito com uma quantidade relativamente
pequena de votos, devido ao chamado quociente eleitoral. Tal ponto vem sendo
criticado por Mendes por, segundo ele, gerar distorções no compartilhamento de
recursos de campanha.
As declarações do ministro foram dadas após ter
recebido, nesta quarta-feira (3), em seu gabinete no TSE, 29 deputados que
integram a comissão de reforma política na Câmara, incluindo o presidente do
colegiado, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), e o relator da matéria, Vicente Cândido
(PT-SP).
Questionado se daria tempo de aprovar uma reforma
político-eleitoral antes de outubro, limite para que as mudanças sejam válidas
para as eleições majoritárias do ano que vem, Vieira Lima respondeu: “tem que
dar”. Ele ressaltou que o financiamento de campanha é o tema que tem
impulsionado a urgência da proposta.
Continuidade do Caixa 2
O ministro Gilmar Mendes ressaltou que se não
houver mudanças em relação ao financiamento de campanha, a insuficiência de
recursos levará ao aumento das irregularidades, abrindo espaço inclusive para a
participação, por exemplo, de organizações do tráfico de drogas na política.
“Vai ser uma eleição certamente muito judicializada
e também policializada, por conta da inexistência de recursos públicos se não
houver a mudança no sistema. Inexistência de recursos privados. Certamente
vamos ter caixa 2, vamos ter dinheiro do crime. Certamente vai ser uma eleição
policial e policialesca”, disse ele, que citou o México como país que convive
com esse tipo de problema.
Mendes voltou a afirmar que o Brasil necessita de
um “Plano Real” no campo da política, que proporcione um “salto no plano
civilizatório”, capaz de levar o país a superar a corrupção sistêmica ligada às
campanhas eleitorais, assim como foi superada a inflação crônica nos anos 1990.
José Dirceu
Perguntado sobre as declarações dadas ontem (2)
pelo procurador da República Daltan Dalagnol, coordenador da força-tarefa da
Operação Lava Jato, que questionou a decisão do Supremo de libertar o
ex-ministro José Dirceu, Gilmar Mendes evitou responder.
“O que eu disse está no meu voto, que foi um voto
histórico, pode anotar”, disse o ministro.
Na tarde de terça-feira, a Segunda Turma do STF
decidiu, por 3 votos a 2, pela revogação da ordem de prisão de Dirceu.
Empatado, o julgamento acabou definido por Gilmar Mendes, último a votar.
Edição: Valéria
Aguiar
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